O que é a Indução à Lactação e Como Funciona

A eficiência reprodutiva está diretamente relacionada com a produtividade na pecuária leiteira, pois define o número de parições e, consequentemente, a quantidade de vacas que entrarão em lactação. Em um cenário ideal, cada fêmea do rebanho deveria emprenhar o mais rápido possível após o período de espera voluntário, mantendo assim um intervalo entre partos próximo de 12 meses. No entanto, a realidade nas fazendas brasileiras frequentemente se distancia desse ideal.Problemas reprodutivos estão entre as principais causas de descarte involuntário de animais em rebanhos leiteiros. Quando uma vaca de alto valor genético e produtivo não consegue estabelecer uma gestação, o produtor enfrenta um dilema: manter um animal improdutivo no rebanho ou descartá-lo, perdendo seu potencial genético e produtivo, além de arcar com os custos de reposição.Estas falhas reprodutivas comprometem significativamente a produtividade das propriedades leiteiras, provocando:

•Aumento de descarte involuntário de animais valiosos

•Redução do período produtivo das vacas

•Diminuição do número de animais disponíveis para reposição

•Comprometimento do progresso genético do rebanho

•Elevação dos custos operacionais

Diante desse cenário desafiador, a indução artificial à lactação surge como uma alternativa tecnológica promissora. Esta técnica consiste em mimetizar as alterações hormonais que ocorrem naturalmente no final da gestação, estimulando o desenvolvimento da glândula mamária e a produção de leite, mesmo sem a ocorrência de uma gestação e parto.O protocolo de indução à lactação permite que fêmeas com problemas reprodutivos, mas com alto valor genético e produtivo, iniciem um novo período de lactação, evitando seu descarte prematuro e aproveitando seu potencial produtivo. Além disso, durante esse período de lactação induzida, muitas dessas vacas têm a oportunidade de retornar à sua função reprodutiva, podendo estabelecer uma gestação e prolongar sua vida útil na propriedade.

Fisiologia da Lactação em Bovinos: Entendendo o Processo Natural

A compreensão da fisiologia da lactação é fundamental para entender como os protocolos de indução funcionam. O processo natural de lactação em bovinos é complexo e envolve diversas fases e hormônios que trabalham em conjunto para o desenvolvimento da glândula mamária e a produção de leite.

Fases da Lactação Natural

O processo de lactação em bovinos pode ser dividido em três fases principais:

Mamogênese

A mamogênese é o período de crescimento e desenvolvimento da glândula mamária. Este processo inicia-se ainda na fase fetal, mas tem seu desenvolvimento mais significativo durante a puberdade e, principalmente, durante a gestação.Durante a gestação, ocorre o desenvolvimento final dos ductos e do sistema lóbulo-alveolar da glândula mamária. Nesse processo, dois hormônios são fundamentais: o estradiol (E2) e a progesterona (P4). Inicialmente, esses hormônios são liberados pelos ovários e, posteriormente, pela placenta durante a gestação.O estradiol tem sua concentração aumentada na segunda metade da gestação, induzindo um grande crescimento alveolar neste período. Já a progesterona permanece em níveis elevados durante toda a gestação, sendo essencial para o desenvolvimento completo da glândula mamária.Além desses hormônios, outros também participam do processo de mamogênese, como o hormônio de crescimento (GH) e suas somatomedinas (IGF-1 e IGF-2), a prolactina e o lactogênio placentário. Esses hormônios atuam em conjunto para garantir que a glândula mamária alcance sua maturação completa, especialmente após a primeira lactação.

Lactogênese e Colostrogênese

A lactogênese é a fase de início da secreção de leite, enquanto a colostrogênese refere-se especificamente à produção de colostro. Essas fases ocorrem nas semanas finais da gestação e nos primeiros dias após o parto.Nesse período, ocorre uma importante alteração no perfil hormonal da vaca: há uma queda nos níveis de progesterona e um aumento nos níveis de estradiol. Essa mudança resulta na liberação de prolactina, hormônio fundamental para o início da produção de leite.O colostro, primeiro produto secretado pela glândula mamária, é rico em imunoglobulinas e outros componentes essenciais para a imunidade e nutrição do bezerro recém-nascido. A transição do colostro para o leite ocorre nos primeiros dias após o parto.

Galactopoiese

A galactopoiese é o processo de manutenção da produção de leite após seu estabelecimento. Para que a lactação seja mantida, é necessária a secreção contínua de diversos hormônios, incluindo:

•Prolactina: essencial para a síntese do leite•

Hormônio de crescimento (GH): estimula a produção de leite

•Glicocorticoides: auxiliam no metabolismo da glândula mamária

•Hormônios tireoidianos (T3 e T4): regulam o metabolismo geral

•Ocitocina: responsável pela ejeção do leite durante a ordenha

•Insulina: regula o metabolismo energético

•Paratormônio: regula o metabolismo do cálcio

A ordenha regular e completa é fundamental para a manutenção da lactação, pois estimula a liberação de ocitocina e prolactina, além de evitar o acúmulo de leite na glândula mamária, o que poderia inibir sua produção.

Simulação Hormonal na Indução à Lactação

Os protocolos de indução à lactação baseiam-se no conhecimento da fisiologia natural para simular artificialmente as alterações hormonais que ocorrem no final da gestação e início da lactação. O objetivo é mimetizar o perfil endócrino da vaca no periparto, estimulando o desenvolvimento da glândula mamária e a produção de leite sem a necessidade de uma gestação.Os primeiros estudos sobre indução à lactação, realizados na década de 1940, envolviam aplicações hormonais por até nove meses, tentando simular toda a gestação. Com o avanço do conhecimento, descobriu-se que apenas sete dias de aplicação de hormônios esteroides (estradiol e progesterona) eram suficientes para induzir as vacas a lactarem.Atualmente, os protocolos comerciais têm duração de aproximadamente 21 dias e utilizam combinações de hormônios que incluem:
•Estradiol e progesterona: simulam o ambiente hormonal da gestação

•Prostaglandina: auxilia no processo de indução

•Somatotropina bovina (BST): estimula a produção de leite

•Corticosteroides (dexametasona): simulam o estresse do parto e auxiliam no início da lactação

Esses hormônios, aplicados em sequência específica, conseguem induzir o desenvolvimento da glândula mamária e o início da produção de leite de forma semelhante ao processo natural, embora com algumas diferenças na composição inicial do leite e no volume produzido.

Protocolos de Indução à Lactação: Evolução e Métodos Atuais

Os protocolos de indução à lactação em bovinos evoluíram significativamente desde os primeiros estudos realizados na década de 1940. Inicialmente, as tentativas de induzir a lactação envolviam aplicações hormonais por períodos prolongados, chegando a nove meses, na tentativa de simular toda a gestação. Com o avanço das pesquisas, os protocolos foram se tornando mais eficientes e práticos, reduzindo o tempo de tratamento e melhorando as taxas de resposta.

Evolução Histórica dos Protocolos

Nos anos 1970, houve um avanço significativo quando se estabeleceu que apenas sete dias de aplicação de hormônios esteroides (estradiol e progesterona) eram suficientes para induzir as vacas a lactarem. Desde então, diversos protocolos utilizando progesterona e estradiol como base foram testados, aprimorando-se ao longo dos anos.Atualmente, os protocolos comerciais têm duração de aproximadamente 21 dias e utilizam aplicações de volumes maiores de hormônios em manejos diários. Embora esses protocolos apresentem boa taxa de resposta e produção de leite satisfatória, ainda existem desafios relacionados ao conforto dos animais durante o tratamento e à variabilidade na resposta individual.

Protocolo Convencional de Indução à Lactação

O protocolo convencional de indução à lactação, amplamente utilizado no Brasil, segue uma sequência específica de aplicações hormonais ao longo de 21 dias, dividido em fases distintas:


1ª Fase (Dia 1 ao Dia 8):

•Aplicação diária de Benzoato de Estradiol

•Aplicação diária de Progesterona

•Aplicação de Somatotropina Bovina (BST) no dia 1

2ª Fase (Dia 9 ao Dia 15):

•Aplicação diária de Benzoato de Estradiol

•Aplicação de Somatotropina Bovina (BST) no dia 15

3ª Fase (Dia 16):

•Aplicação de Prostaglandina (PGF2α)

4ª Fase (Dia 17):

•Sem aplicações hormonais

•Início da adaptação à ordenha

5ª Fase (Dia 18 ao Dia 20):

•Aplicação diária de Dexametasona (corticosteroide)

•Continuação da adaptação à ordenha

6ª Fase (A partir do Dia 21):

•Início da ordenha regular

•Aplicação de Somatotropina Bovina (BST) a cada 14 dias durante a lactação

Este protocolo tem demonstrado taxas de resposta de aproximadamente 85%, com as fêmeas produzindo em média 70% do volume de leite observado em lactações naturais anteriores.

Protocolo de Indução à Lactação 2.0

Recentemente, um novo protocolo denominado "Indução à Lactação 2.0" foi desenvolvido pela Ourofino Saúde Animal em parceria com universidades brasileiras. Este protocolo mantém a mesma eficiência do convencional, mas oferece maior praticidade e melhor bem-estar aos animais.As principais diferenças do Protocolo 2.0 em relação ao convencional são:

•Menor número de manejos e aplicações

•Redução no estresse dos animais

•Mesma taxa de resposta (aproximadamente 85%)

•Produção de leite equivalente ao protocolo convencional

Estudos comparativos entre os dois protocolos demonstraram que tanto a taxa de resposta quanto a produção de leite não diferiram significativamente, confirmando que o Protocolo 2.0 é uma alternativa viável e mais prática para os produtores.


Requisitos para o Sucesso do Protocolo


Para que os protocolos de indução à lactação tenham sucesso, alguns requisitos básicos devem ser observados na seleção e manejo dos animais:

Seleção dos Animais:

•Produtividade: priorizar animais de alto valor genético e produtivo

•Escore de condição corporal: ideal entre 3,0 e 4,0 (escala de 1 a 5)

•Sanidade: os animais devem estar saudáveis, sem problemas crônicos como mastite ou doenças de casco

•Número de lactações: considerar a ordem de parto na seleção

Manejo Pré-Indução:

•Período seco: os animais devem passar por um período seco completo

•Protocolo de secagem: aplicar o protocolo de secagem adequado

•Intervalo mínimo: iniciar o protocolo de indução apenas após 40 dias de período seco

Manejo Durante o Protocolo:

•Seguir rigorosamente os horários e doses das aplicações hormonais

•Realizar a adaptação à ordenha nos dias indicados

•Monitorar os animais quanto a possíveis reações adversas

Manejo Pós-Indução:

•Manter ordenha regular e completa

•Aplicar BST conforme recomendado durante a lactação

•Monitorar a produção e a qualidade do leite

•Incluir os animais em programas reprodutivos após o estabelecimento da lactação

Resultados Esperados com a Indução à Lactação

A implementação de protocolos de indução à lactação em bovinos representa um investimento que precisa ser cuidadosamente avaliado pelos produtores. Para tomar uma decisão informada, é fundamental compreender os resultados esperados e realizar uma análise detalhada de custo-benefício.

Taxa de Resposta e Produção de Leite

Os estudos e experiências práticas com protocolos de indução à lactação demonstram taxas de resposta bastante satisfatórias. De acordo com dados da Ourofino Saúde Animal, aproximadamente 85% das fêmeas submetidas ao protocolo respondem positivamente e iniciam uma nova lactação.

Esta taxa pode variar conforme alguns fatores:

•Grupo genético dos animais

•Ordem de parto

•Condição corporal

•Estado sanitário

•Manejo durante o protocolo

Pesquisas realizadas pela Fundação Roge indicaram que animais de primeira cria tiveram resposta superior às demais, enquanto animais de quatro crias responderam ao protocolo de forma mais variada.Em relação à produção de leite, os animais induzidos geralmente atingem entre 70% e 80% do volume observado em suas lactações naturais anteriores. Um estudo realizado nas fazendas do PDPL/PCEPL - UFV demonstrou uma lactação média, corrigida para 305 dias, de 7.284kg, com média de 23,88kg/dia, o que equivale a 94% da produção normal.É importante ressaltar que existe variabilidade individual na resposta produtiva. Alguns animais podem apresentar produção inferior à sua lactação natural, enquanto outros podem surpreender com produções superiores. No estudo da Fundação Roge, foram observados casos de animais que atingiram mais de 100% da produção de suas lactações naturais anteriores.

Retorno à Função Reprodutiva

Um benefício adicional dos protocolos de indução à lactação é o potencial retorno à função reprodutiva. Estudos indicam que aproximadamente 60% das matrizes submetidas à indução retornam à sua vida reprodutiva, tendo suas prenhezes confirmadas durante o período de lactação induzida.Este aspecto é particularmente importante, pois permite que animais anteriormente considerados inférteis tenham uma nova oportunidade de gestação, prolongando sua vida útil na propriedade e maximizando seu potencial genético.

Análise de Custo-Benefício da Indução à Lactação

Custos do Protocolo

O custo de implementação de um protocolo de indução à lactação varia entre R$300,00 e R$500,00 por animal, considerando os hormônios necessários (progesterona, estradiol, prostaglandina, dexametasona e BST). Este valor pode variar conforme a região e os preços dos insumos.

Comparação com Custos de Reposição

Para avaliar a viabilidade econômica da indução à lactação, é necessário comparar seu custo com a alternativa de descarte e reposição do animal. O custo de uma novilha de reposição de alta qualidade genética pode variar significativamente, mas geralmente representa um investimento muito superior ao custo do protocolo de indução.Além do valor direto da novilha, devem ser considerados:

•Tempo necessário para que a novilha atinja a produção equivalente à vaca descartada

•Riscos associados à adaptação do novo animal

•Perda do potencial genético da vaca descartada

•Custos indiretos de manejo e adaptação

Retorno sobre Investimento

O estudo realizado nas fazendas do PDPL/PCEPL - UFV avaliou o custo-benefício da indução, evidenciando resultados econômicos muito favoráveis. Para um investimento médio de R$341,00 por animal, obteve-se um retorno de R$4,79 para cada real investido, considerando uma margem líquida de R$1.527,30 por animal.

Este retorno pode variar conforme:

•Preço do leite recebido pela propriedade

•Produtividade do animal induzido

•Custos de produção da propriedade

•Duração da lactação induzida

Indicador de Eficiência Econômica

A Fundação Roge desenvolveu um indicador para demonstrar a eficiência econômica do protocolo por animal. Este indicador calcula o custo do protocolo por litro de leite produzido, dividindo o valor investido no protocolo pela produção total do animal em litros.Esta análise evidenciou que a indução se justifica economicamente principalmente em animais de maior produção. Matrizes que não respondem adequadamente ao protocolo podem gerar um custo elevado em relação ao custo do litro de leite, tornando o investimento menos atrativo.

Desafios e Limitações da Indução à Lactação

Embora a indução à lactação represente uma alternativa promissora para o aproveitamento de animais com problemas reprodutivos, é importante reconhecer que, como qualquer técnica, ela apresenta desafios e limitações que devem ser considerados pelos produtores antes de sua implementação.

Variabilidade na Resposta Individual

Um dos principais desafios da indução à lactação é a variabilidade na resposta individual dos animais ao protocolo. Mesmo seguindo rigorosamente todas as recomendações técnicas, alguns animais podem não responder conforme o esperado.

Fatores que influenciam esta variabilidade incluem:

•Genética: Animais de diferentes grupos genéticos podem apresentar respostas distintas aos protocolos hormonais.

•Histórico produtivo: A produção anterior do animal pode influenciar sua resposta à indução.

•Ordem de parto: Estudos indicam que animais de primeira cria podem responder de forma diferente de vacas mais velhas.

•Condição corporal: Animais com escore de condição corporal inadequado tendem a apresentar resposta inferior.

•Estado sanitário: Problemas de saúde, mesmo subclínicos, podem comprometer a resposta ao protocolo.


Esta variabilidade torna difícil prever com exatidão o resultado da indução em cada animal, o que pode impactar o planejamento e a viabilidade econômica da técnica em alguns casos.

Considerações sobre Bem-estar Animal e Qualidade do Leite

Os protocolos de indução à lactação envolvem múltiplas aplicações de hormônios e manejos frequentes, o que pode gerar estresse nos animais. Embora os protocolos mais modernos, como o Protocolo 2.0, busquem reduzir o número de manejos e melhorar o bem-estar animal, ainda existem preocupações relacionadas a:

•Estresse de manejo: As aplicações diárias podem causar estresse, especialmente em animais mais reativos.

•Reações locais: Alguns animais podem apresentar reações no local das aplicações.

•Desconforto: A adaptação à ordenha sem a presença de um bezerro pode gerar desconforto inicial em alguns animais.

Outro aspecto importante a ser considerado é a qualidade do leite produzido por animais submetidos à indução à lactação. Estudos indicam que pode haver diferenças na composição do leite, especialmente nos primeiros dias após o início da lactação.Algumas considerações sobre a qualidade do leite incluem:

•Composição inicial: O leite produzido nos primeiros dias pode apresentar composição diferente do leite de animais em lactação natural, com alterações nos teores de gordura, proteína e sólidos totais.

•Estabilização: A composição tende a se normalizar após algumas semanas de lactação.

•Contagem de células somáticas: Alguns estudos sugerem que pode haver aumento na CCS em animais induzidos, embora isso não seja uma regra.

É recomendável que o leite dos primeiros dias após a indução seja descartado ou destinado a outros fins que não o consumo humano direto, seguindo as mesmas recomendações aplicadas ao colostro e leite de transição de vacas paridas naturalmente.

Aspectos Regulatórios e Resíduos Hormonais

A utilização de hormônios nos protocolos de indução à lactação levanta questões relacionadas a possíveis resíduos no leite e aspectos regulatórios:

•Regulamentação: Os produtores devem estar atentos às regulamentações locais sobre o uso de hormônios em animais de produção e possíveis restrições específicas para animais submetidos à indução à lactação.

•Monitoramento: É recomendável realizar monitoramento periódico da qualidade do leite, incluindo análises de resíduos quando possível.Estudos têm sido realizados para investigar a presença de resíduos hormonais exógenos no leite de vacas submetidas ao protocolo de lactação induzida, buscando estabelecer parâmetros seguros para o consumo.

Recomendações Práticas para Produtores

Com base nas informações apresentadas, podemos oferecer algumas recomendações práticas para produtores que desejam implementar protocolos de indução à lactação em suas propriedades:

1. Seleção Criteriosa dos Animais

•Priorize animais de alto valor genético e produtivo

•Selecione vacas com histórico de boa produção em lactações anteriores

•Verifique o escore de condição corporal (ideal entre 3,0 e 4,0)

•Certifique-se de que os animais estão saudáveis, sem problemas crônicos

•Considere a ordem de parto e o histórico reprodutivo

2. Planejamento e Preparação

•Calcule previamente os custos e o potencial retorno econômico

•Adquira todos os hormônios necessários antes de iniciar o protocolo

•Prepare as instalações para facilitar o manejo durante o tratamento

•Treine a equipe responsável pela aplicação dos hormônios e manejo dos animais

•Estabeleça um cronograma detalhado das aplicações e manejos

3. Execução do Protocolo

•Siga rigorosamente as doses e horários recomendados

•Mantenha registros detalhados de todas as aplicações e observações

•Realize a adaptação à ordenha conforme indicado no protocolo

•Monitore constantemente os animais quanto a possíveis reações adversas

•Conte com acompanhamento veterinário durante todo o processo

4. Manejo Pós-Indução

•Mantenha ordenha regular e completa

•Aplique BST conforme recomendado durante a lactação

•Monitore a produção e a qualidade do leite

•Respeite o período de carência dos hormônios utilizados

•Inclua os animais em programas reprodutivos após o estabelecimento da lactação

5. Avaliação Contínua

•Registre e analise os resultados obtidos com cada animal

•Compare a produção na lactação induzida com lactações naturais anteriores

•Calcule o retorno econômico real obtido

•Identifique fatores que possam ter influenciado positiva ou negativamente os resultados

•Utilize as informações para aprimorar futuras aplicações da técnica

Conclusão

A indução à lactação em bovinos representa uma ferramenta valiosa para o manejo reprodutivo e produtivo de rebanhos leiteiros, especialmente quando se trata de aproveitar o potencial de animais de alto valor genético que apresentam problemas reprodutivos. Ao longo deste artigo, exploramos os diversos aspectos desta técnica, desde seus fundamentos fisiológicos até sua aplicação prática e análise econômica.A indução à lactação baseia-se no conhecimento da fisiologia da glândula mamária e dos mecanismos hormonais que controlam o desenvolvimento mamário e a produção de leite. Através da aplicação sequencial de hormônios como estradiol, progesterona, prostaglandina, somatotropina e corticosteroides, é possível mimetizar as alterações hormonais que ocorrem naturalmente no final da gestação e início da lactação, estimulando a produção de leite mesmo sem a ocorrência de uma gestação e parto.Os protocolos de indução evoluíram significativamente ao longo das décadas, tornando-se mais eficientes e práticos. Atualmente, os protocolos comerciais têm duração de aproximadamente 21 dias e apresentam taxas de resposta em torno de 85%, com produção de leite equivalente a 70-80% do potencial natural dos animais. Além disso, cerca de 60% das vacas submetidas à indução retornam à sua função reprodutiva, podendo estabelecer uma gestação durante a lactação induzida.A análise de custo-benefício demonstra que, quando aplicada em animais adequadamente selecionados, a indução à lactação pode proporcionar retorno econômico significativo, com estudos indicando retorno de até R$4,79 para cada real investido. Este resultado é particularmente relevante quando comparado aos custos e riscos associados ao descarte e reposição de animais de alto valor genético.No entanto, é importante reconhecer que a técnica apresenta desafios e limitações, como a variabilidade na resposta individual, considerações sobre bem-estar animal, questões relacionadas à qualidade do leite e aspectos regulatórios. Estes fatores devem ser cuidadosamente avaliados pelos produtores antes da implementação da técnica.Em um cenário de crescente pressão por eficiência produtiva e redução de custos, técnicas como a indução à lactação, que permitem aproveitar ao máximo o potencial genético dos rebanhos e reduzir o descarte involuntário de animais, ganham ainda mais relevância. Cabe aos produtores, técnicos e pesquisadores continuarem explorando e aprimorando esta alternativa, adaptando-a às diferentes realidades produtivas e maximizando seus benefícios.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Qual é a taxa de sucesso da indução à lactação em bovinos?

Aproximadamente 85% das fêmeas submetidas ao protocolo respondem positivamente e iniciam uma nova lactação.

2. Quanto custa implementar um protocolo de indução à lactação?

O custo varia entre R$300,00 e R$500,00 por animal, considerando os hormônios necessários.

3. Qualquer vaca pode ser submetida ao protocolo de indução?

Não. É recomendável selecionar animais de alto valor genético e produtivo, com escore de condição corporal entre 3,0 e 4,0, saudáveis e sem problemas crônicos.

4. O leite produzido por vacas induzidas tem a mesma qualidade?

Pode haver diferenças na composição do leite, especialmente nos primeiros dias após o início da lactação. A composição tende a se normalizar após algumas semanas.

5. Quanto tempo dura a lactação induzida?

A duração da lactação induzida é semelhante à lactação natural, podendo ser mantida por aproximadamente 305 dias, dependendo da persistência de lactação do animal.

6. As vacas podem emprenhar durante a lactação induzida?

Sim. Estudos indicam que aproximadamente 60% das matrizes submetidas à indução retornam à sua função reprodutiva, tendo suas prenhezes confirmadas durante o período de lactação induzida.

7. Quais são os principais hormônios utilizados no protocolo?

Os principais hormônios utilizados são estradiol, progesterona, prostaglandina, somatotropina bovina (BST) e dexametasona (corticosteroide).

8. Existe período de carência para o leite após a indução?

Sim. É fundamental respeitar o período de carência dos hormônios utilizados, descartando o leite durante o tempo recomendado após as últimas aplicações.

Referências

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2.OUROFINO SAÚDE ANIMAL. Indução à lactação 2.0: coloque os números para trabalhar a seu favor ainda mais. Disponível em: https://www.ourofinosaudeanimal.com/ourofinoemcampo/categoria/artigos/inducao-lactacao-20-novo-protocolo-da-ourofino-tra/

3.FUNDAÇÃO ROGE. Protocolo de Indução à Lactação: custo benefício em vacas leiteiras. Disponível em: https://www.fundacaoroge.org.br/blog/protocolo-de-inducao-a-lactacao-custo-beneficio-em-vacas-leiteiras

4.ESCOLA GADO DE LEITE. Indução à lactação – compreenda a teoria e custo-benefício. Disponível em: https://www.escolagadodeleite.com.br/inducao-a-lactacao/

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6.TUCKER, H. Hormones, mammary growth, and lactation: a 41-year perspective. J Dairy Sci, v.83, p.874-884, 2000.

7.HENRIQUE, O. INDUÇÃO DE LACTAÇÃO: uma alternativa viável. PDPL/PCEPL – UFV.